domingo, 19 de dezembro de 2010

Ode ao regresso (Além do que se vê - Los Hermanos)

Bela música, propícia...



"Moça, olha só o que eu te escrevi
É preciso força pra sonhar e perceber
Que a estrada vai além do que se vê

Sei que a tua solidão me dói
E que é difícil ser feliz
Mais do que somos todos nós
Você supõe o céu
Sei que o vento que entortou a flor
Passou também por nosso lar
E foi você quem desviou
Com golpes de pincel

Eu sei, é o amor que ninguém mais vê
Deixa eu ver a moça
Toma o teu, voa mais
Que o bloco da família vai atrás

Põe mais um na mesa de jantar
Porque hoje eu vou praí te ver
E tira o som dessa TV
Pra gente conversar
Diz pro bamba usar o violão
Pede pro Tico me esperar
E avisa que eu só vou chegar
No último vagão

É bom te ver sorrir
Deixa vir a moça
Que eu também vou atrás
E a banda diz: assim é que se faz!"




Desastre!

Entre meus amigos, tenho a fama de ser desastrado. 

A qualquer momento e em qualquer lugar há sempre a possibilidade de eu esbarrar em algo, derramar, esparramar, quebrar ou entortar, por mais que eu me controle.

Pois parece que a sina está restrita ao Brasil, porque aqui na Coreia, as coisas foram bem diferentes!

Depois de 4 meses, não quebrei um copo sequer. Fora as esbarradas em pessoas (que posso dizer que os coreanos são os maiores responsáveis), nada de perigoso aconteceu.

Pra falar que não quebrei nada - Aí está o boneco de neve que teve sua morte decretada alguns segundos depois!

Mas o que me motivou a escrever hoje não este tipo de quebra. Foram outros tipos de quebras, que fico muito feliz de não terem acontecido.

Na Coreia, não quebrei os projetos que participo em Botucatu. Tudo continua e há muitos planos para o futuro... Não quebrei o contato com a minha família e só vi minha amizade com meus amigos e amigas crescer ainda mais, mesmo distante. E o mais importante, não quebrei a mais bela relação que tenho e, na verdade, sinto como se tivesse a feito ainda mais forte, a ponto de não querer mais estar longe por tanto tempo.

Família junta no Natal, logo menos

É bixões... Aguentamos o tranco! =)

Coisas que só a distância assim nos faz pensar! =)

4 dias pra volta!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O circo do G-20 está armado em Seoul - Pena que nós somos os palhaços da história...


O Circo está armado... E os atores logo chegam!

Pois é, Seoul será palco, em 11 e 12 de novembro do encontro do G-20, grupo das 20 nações mais ricas do mundo. Elas se reúnem periodicamente para discutir o futuro do Mundo, como se tivessem direito a comprar tudo que existe, basicamente.

Felizmente, há manifestações contrárias a isso.


Pena que, durante o encontro em Seoul, 55 mil policias foram recrutados para frear as manifestações... 
55 MIL! E manifestação é considerada como qualquer agrupamento de pessoas a céu aberto que seja considerado como tal por um policial, sem ser necessário comprovação. Ou seja, espero não encontrar nenhum conhecido na rua nestes dias e falar qualquer coisa alta em inglês...

É... E se diz que há democracia por aqui e em vários outros países como o nosso.

Pra quem quiser saber de um encontro simultâneo que está rolando por aqui (e que vou tentar pegar a plenária final), visite: http://en.putpeoplefirst.kr/

Depois conto como foi! =)

domingo, 7 de novembro de 2010

Só algumas fotos!

Pois a correria é grande e não sobrou muito tempo para elaborar um texto! =)

Bibimbap e 11 acompanhamentos, em Jeonju (terra natal do Bibimbap)
Brasileiros na casa do Embaixador - Feijoada de sábado
Senhora fazendo Kimchi!

Cores de outono



Pra alegrar!

sábado, 16 de outubro de 2010

Sobre Jin (Seoul, 16 de outubro de 2010 - 01h00)

Jim é dono de um bar... Pai de família abandonado pela esposa há uns 10 anos, criou seus 3 filhos (2 meninos e 1 menina) com o dinheiro que ganhou trabalhando com roupas para mulheres. Após algum tempo, por algum motivo desta vida, perdeu boa parte do dinheiro e decidiu abrir o tal bar. O bar se chama "Iron Blue" e por uma destas brincadeiras do acaso, foi encontrado por meu amigo americano, Tim, em seu primeito dia em Seoul. O Iron Blue é um ótimo bar, com boa cerveja (mais encorpada e saborosa que a dos outros bares, mas com um valor um pouco maior) e boa música - é o único lugar em Seoul que você pode ouvir desde Michael Jackson e Eagles até Buena Vista Social Club e Beatles.


The Iron Blue - o nome é em alusão a uma mulher que é forte, mas não perde a ternura, segundo Jim

Por algum traço de sua personalidade, Jim gostou muito de mim, Tim (americano), Martin (sueco) e de Lun (chinês de Hong Kong). De um modo recíproco, também gostamos dele... Desse sentimento mútuo surgiu um respeito grande e uma confiança. Posso dizer que Jim, com seus 50 anos, é meu melhor amigo coreano. Quando vamos lá, ele nos oferece snacks e arranha conversas em inglês, sempre se esforçando para nos entender. É sempre curioso para descobrir características de nossos países e nos chama de "gentleman" pelo nosso gosto musical e por conversarmos com ele, ao contrário de outros clientes.

Numa de nossas conversas, Jim estava muito triste e nos confidenciou que estava com sérios problemas financeiros. Natural de Busan (há quase 3 horas de trem de Seoul), Jim tinha problemas para manter os 3 filhos sozinho, já que o bar não ia muito bem das pernas - notamos isso por sermos quase sempre os únicos clientes. Mesmo assim, ele nos convidou para sua festa de aniversário, no próprio bar... Acho que nunca o vimos tão feliz ao nos receber e nos sentimos realmente importantes para alguém por aqui - inclusive, ele nos presenteou com algumas coisas. Mas, tarde da noite, depois de vários shots de tequila, ele voltou a nos contar que não estava bem.

Assim, decidimos fazer algo e começamos a convidar todas as pessoas que conheciamos na faculdade para ir lá. Organizamos uma festa, na qual eu e Florian (alemão) e Tim o ajudamos no bar preparando coquetéis, enquanto as meninas ajudaram a limpar as mesas e a servir as bebidas. Foi fantástico, vendemos quase todo o bar e ele conseguiu levantar um bom dinheiro. Achava que as coisas iam começar a melhorar pra ele, pois seu grande desejo é juntar uma grana pra voltar a viver em Busan com o resto da sua família.


Min-Ji, Florin, Tim, Eu e Jim, na festa de aniversário de Mikko, quando arrecadamos uma boa grana

Mas as coisas não são assim tão simples nesta sociedade em que vivemos. Certamente traumatizado com a partida da esposa, Jim começou a beber mais do que seu limite nesta época. Infelizmente, o hábito persiste até hoje. Não conseguindo se livrar do vício, Jim gasta boa parte do dinheiro que recebe em Soju (uma barata bebida tradicional coreana) e está sempre bêbado quando chegamos ao bar.

Hoje, voltei lá depois de mais de 10 dias sem ir, pois a semana não foi das melhores por aqui. Provas, trabalhos, saudades do Brasil... Enfim, vários motivos me fizeram passar um bom tempo em casa sozinho ao invés de sair. Jim estava triste comigo, mas não havia nada que eu pudesse fazer, espero que ele tenha entendido quando lhe expliquei. Bêbado novamente, ele me convidou para beber Soju com ele assim que o bar fechasse. Não sei se fiz a coisa certa, mas não pude aceitar. Acredito que ele deve ter ficado sentido, mas não pude aceitar... Estou com esta dúvida na cabeça até agora. Será que fiz a coisa certa?

A lição que tiro de toda essa história, que ainda não acabou, é a mesma que venho constatando a um bom tempo. Jim é apenas um exemplo de milhares de outras pessoas que passam pelas mesmas situações. Sem dinheiro, não conseguem nunca se recuperar da sua condição. Sem suporte algum e sem auto-estima, não acreditam que podem melhorar e acabam buscando as soluções em álcool e cigarro, gastando ainda mais o pouco dinheiro que tem. E o ciclo vicioso continua, sem que a sociedade, governo, ninguém dê a mínima, afinal, é assim que o mundo é, certo? Uns ganham, outros perdem, é a lógica do sistema, o que se pode fazer?

Desculpem-me, mas não consigo e não posso aceitar que isto seja a ordem natural das coisas. Isso é errado, e tem que mudar... De algum modo e em algum momento, mas deve.

´Também peço desculpas pelo post, mas sinto como desabafando os sentimento. O lado positivo é que essa vivência nos faz pensar demais - e o lado negativo é que essa vivência nos faz pensar demais...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Diálogo...

Entre dois brasileiros (B), uma coreana (C) e uma alemã (A), num ônibus em Seoul:


(B) - Acho que conseguimos ficar em uma jimjilba (sauna) em Busan (cidade no litoral coreano para a qual viajamos amanhã)! É muito mais barato do que hotel...
(A) - Nossa! Legal! Mas me falaram que você tem que ficar pelada na frente de todas as outras pessoas pra tomar banho...
(B) - Hmm... Acho que não...
(A) - Precisa ficar pelada, Verônica (nome inglês da amiga coreana)?
(C) - Ah, precisa sim. É um lugar de banho coletivo!
(A) - Droga! Eu não quero ficar pelada na frente de outras pessoas! Vamos ter que procurar um hotel!
(C) apontando pra (B) - Mas pra vocês tudo bem ficar pelados... Vocês são brasileiros!

(WHAT THE FUCK?)


P.S: Isso porque ela nunca foi pra um Interbio... Acho que imagina que o Brasil é uma selva onde as pessoas balangam nuas agarrando cipós ao mesmo tempo que sambam e jogam futebol...

Sem fotos desta vez, em luto pela horrível Embaixada do Brasil na Coreia, que explico no próximo post!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Feriado Nacional (Seoul, 28 de setembro de 2010 - 10h00)

A vida se regulariza por aqui... Depois daquelas semanas iniciais de adaptação, algumas coisas rotineiras começam a acontecer e já me acostumo com o dia-a-dia coreano. As vão com tudo, sempre tendo que ler um capítulo de um livro-texto antes de cada aula - dureza! Mas, semana passada foi uma semana relax, feriado prolongado por aqui.

De 21 a 23 de setembro aconteceu o "Chuseok", também conhecido como o Dia de Ação de Graças coreano (por algum motivo ainda prefiro o chamar de Chuseok). Esta é a celebração mais importante para os coreanos, muito mais do que o Natal ou o Ano Novo (apesar do catolicismo ter crescido muito nos últimos anos por aqui - ainda me espanto ao ver o grande número de cruzes e igrejas quando caminho por Seoul). Assim como no Brasil, os alunos ficaram extasiados quando a maioria dos professores decidiram não dar aula a semana toda - Viva o feriadão!

 
Aí sim, feriadão!

 
Aqui, a tradição nesta data é voltar à terra de seus ancestrais, ou seja, nesta época há um grande fluxo de pessoas em toda a Coréia para visitar as pessoas mais velhas de cada família (Imagine só como devem se sentir as famílias que não podem se reunir por viverem na Coréia do Sul e do Norte). Há diversas celebrações tradicionais e certos pratos que são preparados nesta data. Infelizmente, não pude participar de uma celebração desta em família, pois nenhum dos nossos amigos coreanos convidou algum de nós para tal.


Preparo do Songpyeon (bolo de arroz tradicional)

Mesmo assim, aconteceu na Universidade uma celebração para aqueles que não tinham como visitar as famílias por falta de grana. Fomos lá participar e descobrimos que a festa era para os chineses intercambistas (na China, este feriado também é celebrado, com o nome de Hagawii), em torno de 100. Mesmo assim, fomos convidados a participar. Foi uma festa muito boa, com direito a várias brincadeiras em uma gincana (na qual ficamos em segundo lugar e ganhamos um desconto de R$80,00 num restaurante chinês), show de talentos (os brasileiros até dançaram samba - eu fingi que dançava que samba), comida tradicional e ainda cerveja chinesa (Tsin-Tao, muito boa), tudo fornecido de graça pela Universidade. Mas, a melhor parte foi a festa com os balões ou lamparinas chinesas: no fim da festa, cada um foi convidado a escrever um desejo ou pedido no balão de papel de seda, o qual seria mandado aos céus para que fosse realizado. Lembrei-me um pouco dos proibidos balões de São João do Brasil nos meio de junho (e até fiquei assustado quando um deles se prendeu em uma árvore), mas foi um ato muito legal e bonito de se ver. Achei muito boa a iniciativa de um grupo de alunos coreanos que organizou o evento e também o papel da Universidade ao fornecer tudo para os alunos - você aí consegue imaginar a UNESP fornecendo uma festa no Natal ou ainda lhe pagar as passagens pra casa caso você não tivesse como voltar nesta época?



Bolo de arroz - meio doce, meio salgado, mas bom

Meus pedidos de Chuseok

Liberando os pedidos

 Ainda vou escrever muito mais sobre esta semana, que foi fantástica. Mas, hoje, paro por aqui pro texto não ficar muito longo. Até logo mais!