domingo, 19 de dezembro de 2010

Ode ao regresso (Além do que se vê - Los Hermanos)

Bela música, propícia...



"Moça, olha só o que eu te escrevi
É preciso força pra sonhar e perceber
Que a estrada vai além do que se vê

Sei que a tua solidão me dói
E que é difícil ser feliz
Mais do que somos todos nós
Você supõe o céu
Sei que o vento que entortou a flor
Passou também por nosso lar
E foi você quem desviou
Com golpes de pincel

Eu sei, é o amor que ninguém mais vê
Deixa eu ver a moça
Toma o teu, voa mais
Que o bloco da família vai atrás

Põe mais um na mesa de jantar
Porque hoje eu vou praí te ver
E tira o som dessa TV
Pra gente conversar
Diz pro bamba usar o violão
Pede pro Tico me esperar
E avisa que eu só vou chegar
No último vagão

É bom te ver sorrir
Deixa vir a moça
Que eu também vou atrás
E a banda diz: assim é que se faz!"




Desastre!

Entre meus amigos, tenho a fama de ser desastrado. 

A qualquer momento e em qualquer lugar há sempre a possibilidade de eu esbarrar em algo, derramar, esparramar, quebrar ou entortar, por mais que eu me controle.

Pois parece que a sina está restrita ao Brasil, porque aqui na Coreia, as coisas foram bem diferentes!

Depois de 4 meses, não quebrei um copo sequer. Fora as esbarradas em pessoas (que posso dizer que os coreanos são os maiores responsáveis), nada de perigoso aconteceu.

Pra falar que não quebrei nada - Aí está o boneco de neve que teve sua morte decretada alguns segundos depois!

Mas o que me motivou a escrever hoje não este tipo de quebra. Foram outros tipos de quebras, que fico muito feliz de não terem acontecido.

Na Coreia, não quebrei os projetos que participo em Botucatu. Tudo continua e há muitos planos para o futuro... Não quebrei o contato com a minha família e só vi minha amizade com meus amigos e amigas crescer ainda mais, mesmo distante. E o mais importante, não quebrei a mais bela relação que tenho e, na verdade, sinto como se tivesse a feito ainda mais forte, a ponto de não querer mais estar longe por tanto tempo.

Família junta no Natal, logo menos

É bixões... Aguentamos o tranco! =)

Coisas que só a distância assim nos faz pensar! =)

4 dias pra volta!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O circo do G-20 está armado em Seoul - Pena que nós somos os palhaços da história...


O Circo está armado... E os atores logo chegam!

Pois é, Seoul será palco, em 11 e 12 de novembro do encontro do G-20, grupo das 20 nações mais ricas do mundo. Elas se reúnem periodicamente para discutir o futuro do Mundo, como se tivessem direito a comprar tudo que existe, basicamente.

Felizmente, há manifestações contrárias a isso.


Pena que, durante o encontro em Seoul, 55 mil policias foram recrutados para frear as manifestações... 
55 MIL! E manifestação é considerada como qualquer agrupamento de pessoas a céu aberto que seja considerado como tal por um policial, sem ser necessário comprovação. Ou seja, espero não encontrar nenhum conhecido na rua nestes dias e falar qualquer coisa alta em inglês...

É... E se diz que há democracia por aqui e em vários outros países como o nosso.

Pra quem quiser saber de um encontro simultâneo que está rolando por aqui (e que vou tentar pegar a plenária final), visite: http://en.putpeoplefirst.kr/

Depois conto como foi! =)

domingo, 7 de novembro de 2010

Só algumas fotos!

Pois a correria é grande e não sobrou muito tempo para elaborar um texto! =)

Bibimbap e 11 acompanhamentos, em Jeonju (terra natal do Bibimbap)
Brasileiros na casa do Embaixador - Feijoada de sábado
Senhora fazendo Kimchi!

Cores de outono



Pra alegrar!

sábado, 16 de outubro de 2010

Sobre Jin (Seoul, 16 de outubro de 2010 - 01h00)

Jim é dono de um bar... Pai de família abandonado pela esposa há uns 10 anos, criou seus 3 filhos (2 meninos e 1 menina) com o dinheiro que ganhou trabalhando com roupas para mulheres. Após algum tempo, por algum motivo desta vida, perdeu boa parte do dinheiro e decidiu abrir o tal bar. O bar se chama "Iron Blue" e por uma destas brincadeiras do acaso, foi encontrado por meu amigo americano, Tim, em seu primeito dia em Seoul. O Iron Blue é um ótimo bar, com boa cerveja (mais encorpada e saborosa que a dos outros bares, mas com um valor um pouco maior) e boa música - é o único lugar em Seoul que você pode ouvir desde Michael Jackson e Eagles até Buena Vista Social Club e Beatles.


The Iron Blue - o nome é em alusão a uma mulher que é forte, mas não perde a ternura, segundo Jim

Por algum traço de sua personalidade, Jim gostou muito de mim, Tim (americano), Martin (sueco) e de Lun (chinês de Hong Kong). De um modo recíproco, também gostamos dele... Desse sentimento mútuo surgiu um respeito grande e uma confiança. Posso dizer que Jim, com seus 50 anos, é meu melhor amigo coreano. Quando vamos lá, ele nos oferece snacks e arranha conversas em inglês, sempre se esforçando para nos entender. É sempre curioso para descobrir características de nossos países e nos chama de "gentleman" pelo nosso gosto musical e por conversarmos com ele, ao contrário de outros clientes.

Numa de nossas conversas, Jim estava muito triste e nos confidenciou que estava com sérios problemas financeiros. Natural de Busan (há quase 3 horas de trem de Seoul), Jim tinha problemas para manter os 3 filhos sozinho, já que o bar não ia muito bem das pernas - notamos isso por sermos quase sempre os únicos clientes. Mesmo assim, ele nos convidou para sua festa de aniversário, no próprio bar... Acho que nunca o vimos tão feliz ao nos receber e nos sentimos realmente importantes para alguém por aqui - inclusive, ele nos presenteou com algumas coisas. Mas, tarde da noite, depois de vários shots de tequila, ele voltou a nos contar que não estava bem.

Assim, decidimos fazer algo e começamos a convidar todas as pessoas que conheciamos na faculdade para ir lá. Organizamos uma festa, na qual eu e Florian (alemão) e Tim o ajudamos no bar preparando coquetéis, enquanto as meninas ajudaram a limpar as mesas e a servir as bebidas. Foi fantástico, vendemos quase todo o bar e ele conseguiu levantar um bom dinheiro. Achava que as coisas iam começar a melhorar pra ele, pois seu grande desejo é juntar uma grana pra voltar a viver em Busan com o resto da sua família.


Min-Ji, Florin, Tim, Eu e Jim, na festa de aniversário de Mikko, quando arrecadamos uma boa grana

Mas as coisas não são assim tão simples nesta sociedade em que vivemos. Certamente traumatizado com a partida da esposa, Jim começou a beber mais do que seu limite nesta época. Infelizmente, o hábito persiste até hoje. Não conseguindo se livrar do vício, Jim gasta boa parte do dinheiro que recebe em Soju (uma barata bebida tradicional coreana) e está sempre bêbado quando chegamos ao bar.

Hoje, voltei lá depois de mais de 10 dias sem ir, pois a semana não foi das melhores por aqui. Provas, trabalhos, saudades do Brasil... Enfim, vários motivos me fizeram passar um bom tempo em casa sozinho ao invés de sair. Jim estava triste comigo, mas não havia nada que eu pudesse fazer, espero que ele tenha entendido quando lhe expliquei. Bêbado novamente, ele me convidou para beber Soju com ele assim que o bar fechasse. Não sei se fiz a coisa certa, mas não pude aceitar. Acredito que ele deve ter ficado sentido, mas não pude aceitar... Estou com esta dúvida na cabeça até agora. Será que fiz a coisa certa?

A lição que tiro de toda essa história, que ainda não acabou, é a mesma que venho constatando a um bom tempo. Jim é apenas um exemplo de milhares de outras pessoas que passam pelas mesmas situações. Sem dinheiro, não conseguem nunca se recuperar da sua condição. Sem suporte algum e sem auto-estima, não acreditam que podem melhorar e acabam buscando as soluções em álcool e cigarro, gastando ainda mais o pouco dinheiro que tem. E o ciclo vicioso continua, sem que a sociedade, governo, ninguém dê a mínima, afinal, é assim que o mundo é, certo? Uns ganham, outros perdem, é a lógica do sistema, o que se pode fazer?

Desculpem-me, mas não consigo e não posso aceitar que isto seja a ordem natural das coisas. Isso é errado, e tem que mudar... De algum modo e em algum momento, mas deve.

´Também peço desculpas pelo post, mas sinto como desabafando os sentimento. O lado positivo é que essa vivência nos faz pensar demais - e o lado negativo é que essa vivência nos faz pensar demais...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Diálogo...

Entre dois brasileiros (B), uma coreana (C) e uma alemã (A), num ônibus em Seoul:


(B) - Acho que conseguimos ficar em uma jimjilba (sauna) em Busan (cidade no litoral coreano para a qual viajamos amanhã)! É muito mais barato do que hotel...
(A) - Nossa! Legal! Mas me falaram que você tem que ficar pelada na frente de todas as outras pessoas pra tomar banho...
(B) - Hmm... Acho que não...
(A) - Precisa ficar pelada, Verônica (nome inglês da amiga coreana)?
(C) - Ah, precisa sim. É um lugar de banho coletivo!
(A) - Droga! Eu não quero ficar pelada na frente de outras pessoas! Vamos ter que procurar um hotel!
(C) apontando pra (B) - Mas pra vocês tudo bem ficar pelados... Vocês são brasileiros!

(WHAT THE FUCK?)


P.S: Isso porque ela nunca foi pra um Interbio... Acho que imagina que o Brasil é uma selva onde as pessoas balangam nuas agarrando cipós ao mesmo tempo que sambam e jogam futebol...

Sem fotos desta vez, em luto pela horrível Embaixada do Brasil na Coreia, que explico no próximo post!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Feriado Nacional (Seoul, 28 de setembro de 2010 - 10h00)

A vida se regulariza por aqui... Depois daquelas semanas iniciais de adaptação, algumas coisas rotineiras começam a acontecer e já me acostumo com o dia-a-dia coreano. As vão com tudo, sempre tendo que ler um capítulo de um livro-texto antes de cada aula - dureza! Mas, semana passada foi uma semana relax, feriado prolongado por aqui.

De 21 a 23 de setembro aconteceu o "Chuseok", também conhecido como o Dia de Ação de Graças coreano (por algum motivo ainda prefiro o chamar de Chuseok). Esta é a celebração mais importante para os coreanos, muito mais do que o Natal ou o Ano Novo (apesar do catolicismo ter crescido muito nos últimos anos por aqui - ainda me espanto ao ver o grande número de cruzes e igrejas quando caminho por Seoul). Assim como no Brasil, os alunos ficaram extasiados quando a maioria dos professores decidiram não dar aula a semana toda - Viva o feriadão!

 
Aí sim, feriadão!

 
Aqui, a tradição nesta data é voltar à terra de seus ancestrais, ou seja, nesta época há um grande fluxo de pessoas em toda a Coréia para visitar as pessoas mais velhas de cada família (Imagine só como devem se sentir as famílias que não podem se reunir por viverem na Coréia do Sul e do Norte). Há diversas celebrações tradicionais e certos pratos que são preparados nesta data. Infelizmente, não pude participar de uma celebração desta em família, pois nenhum dos nossos amigos coreanos convidou algum de nós para tal.


Preparo do Songpyeon (bolo de arroz tradicional)

Mesmo assim, aconteceu na Universidade uma celebração para aqueles que não tinham como visitar as famílias por falta de grana. Fomos lá participar e descobrimos que a festa era para os chineses intercambistas (na China, este feriado também é celebrado, com o nome de Hagawii), em torno de 100. Mesmo assim, fomos convidados a participar. Foi uma festa muito boa, com direito a várias brincadeiras em uma gincana (na qual ficamos em segundo lugar e ganhamos um desconto de R$80,00 num restaurante chinês), show de talentos (os brasileiros até dançaram samba - eu fingi que dançava que samba), comida tradicional e ainda cerveja chinesa (Tsin-Tao, muito boa), tudo fornecido de graça pela Universidade. Mas, a melhor parte foi a festa com os balões ou lamparinas chinesas: no fim da festa, cada um foi convidado a escrever um desejo ou pedido no balão de papel de seda, o qual seria mandado aos céus para que fosse realizado. Lembrei-me um pouco dos proibidos balões de São João do Brasil nos meio de junho (e até fiquei assustado quando um deles se prendeu em uma árvore), mas foi um ato muito legal e bonito de se ver. Achei muito boa a iniciativa de um grupo de alunos coreanos que organizou o evento e também o papel da Universidade ao fornecer tudo para os alunos - você aí consegue imaginar a UNESP fornecendo uma festa no Natal ou ainda lhe pagar as passagens pra casa caso você não tivesse como voltar nesta época?



Bolo de arroz - meio doce, meio salgado, mas bom

Meus pedidos de Chuseok

Liberando os pedidos

 Ainda vou escrever muito mais sobre esta semana, que foi fantástica. Mas, hoje, paro por aqui pro texto não ficar muito longo. Até logo mais!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

FC Seoul com chuva (Seoul, 12 de setembro de 2010)

Hoje foi um domingo de descanso em Seoul. Ainda me acostumando com o lugar, tive algumas experiências muito boas nesta semana que gostaria de compartilhar.


Acostumando, mas com muito sono ainda!

Ontem fomos ver um jogo de futebol por aqui, entre FC Seoul e Daegu. O jogo aconteceu no Seoul World Cup Stadium, casa do FC SEoul e palco do pentacampeonato do Brasil em 2002, com uma 2 a 0 sobre a Alemanha (impossível esquecer aquele frangaço do Kahn justo na final). Este jogo foi especial, pois havia uma promoção para estrangeiros: por R$15,00 você comprava o ingresso, ganhava um cerveja de 500mL e um hot dog. Uma pechincha para um jogo da primeira divisão da liga coreana num estágio muito bonito e moderno. Estávamos num grupo grande, em torno de 30 pessoas de várias nacionalidades, como indonésias, finlandeses, franceses, alemães, georgiana, sueco, americanos e holandeses. Apesar da chuva que não para há duas semanas (não fomos afetados por ela - a arquibancada era coberta), vimos um belo 4 a 0 do Seoul sobre o Daegu e nos divertimos muito com as cheerleaders, animador de torcida e muitos coreanos curiosos com nossa presença.

Alguns dos novos torcedores do Seoul - pelo menos eles tem cores parececidas com a do São Paulo
 
Seoul world Cup Stadium lotado (de gringos)

Boa também foi a noite de sexta, que parecia despretenciosa, mas por mero acaso me levou a dois lugares até então desconhecidos. Quando voltava pro dormitório depois da academia (já me conformei que nunca vou ficar forte, mas é bom fazer algum exercício, certo?), encontrei um grupo que havia conhecido alguns dias atrás composto de pessoas do Cazaquistão (!), Quirguistão (!), Uzbequistão (!) e Vietnã; fora o vietnamita, todos eram de famílias coreanas que foram viver nos referidos países há 4 gerações. Jantamos num restaurante tradicional coreano, que serviu arroz com legumes em uma cumbuca de barro muito quente, prato conhecido como Bibimbap, muito bom! Depois disso, fomos num Karaokê Bar, algo muito comum por aqui. Nestes locais existem várias salas, cada uma delas com uma grande TV de plasma, poltronas, jogos de luz e muitas opções de música para cantar, desde POP coreano até tradicional latino. Arrisquei alguns versos em "All you need is love" e "I'm yours", estava um pouco envergonhado em cantar com o novo grupo ainda. O pessoal foi ao delírio quando escolheram black music, Lady Gaga ou Britney Spears (ai), mas aí não me agradou muito. No fim, tive uma boa noite, conheci coisas novas.


Bibimbap
 
Norebang, a casa de Karaokês - virou mania agora, vamos lá quase todo final de semana

Agora, a noite, parece que achuva deu uma trégua (não ao estilo de Botucatu). Não sei se tem a ver com as mudanças climáticas e o aquecimento global que tanto ouvimos falar, mas todos os coreanos dizem que não deveria estar mais chovendo nesta época do ano, nem deveriam acontecer tantos tufões (foram 2 nas 2 últimas semanas). Vou estudar um pouco pra descobrir se o clima realmente está mudando por aqui ou se é apenas uma variação cíclica, como o El Niño na América do Sul. De qualquer jeito, espero que consiga ver mais a Lua por aqui, porque está bem difícil...

domingo, 19 de setembro de 2010

Recepcao dos bixos aos gringos (Seoul, 2 de setembro de 2010 - 23h00)

Comecaram as aulas por aqui! Hoje tive aula com um professor americano, Jeffrey Scoff Owen, na disciplina de Meio Ambiente e Sociedade. Foi uma aula introdutoria de meia hora, mas os topicos abordados serao muito bons, aparentemente. Estranho foi ser um dos 3 "gringos" na sala, com todos nos olhando. Como primeira impressao, as aulas serao muito quietas: ao contrario do Brasil, os alunos coreanos nao conversaram muito entre si (muito menos conosco) antes, durante ou depois da aula. A unica fala foi com relacao as datas das provas, questionamento bem comum num primeiro dia de aula.

Fora este comeco, quero escrever sobre algo que aconteceu anteontem. Tivemos uma "Recepcao dos Bixos" por aqui, com volta ao campus e tudo mais. Nao fomos de Elefantinho (eu teria achado ate mais divertido) e, assim como em Botucatu, a volta ao campus nao foi muito informativa. Tres "veteranas" falando pra uma turma de 200 estrangeiros perdidos os nomes dos predios da Universidade nao foi muito aproveitavel, pois esqueci tudo logo depois (alguma semelhanca a primeira vez que voce teve que ir pra uma aula na Botanica do IB...) - pelo menos nos deram um mapa bom do campus.

Um dos vinte mil lugares que nao me lembro o nome depois da volta ao campus

A bixarada gringa
Mas ha ainda outro fato que gostaria de comentar. A noite, saimos em um grupo de mais ou menos 20 pessoas gringas para beber alguma coisa. Depois de normais indecisoes por ser um grupo tao grande, entramos num restaurante coreano, mas que tambem servia bebidas. Aqui comecou, pra mim, um processo que conhecemos como vergonha alheia... Nem sequer entramos e um pessoal ja comecou a juntar as mesas, sem nem pedir para os proprietarios, enquanto os outros 30 clientes do lugar olhavam atonitos a algazarra estrangeira. Depois, pedimos chopps (que aqui eh vendido em canecas ou em jarras de 2 ou 3 litros por um preco legal) e soju (a bebida tipica daqui, um destilado de arroz com 15% de alcool). Apesar de ja termos chamado bastante atencao na entrada e termos deixado os outros clientes um pouco desconfortaveis, os intercambistas comecaram a gritar e a virar copos de cerveja e soju, fazendo com que quase todos os clientes fossem embora. Alem disso, alguns subiram nas cadeiras, trocaram as musicas que eram tocadas e pediram bebida a ponto de quase nao conseguirem pagar. Fiquei muito embaracado com a situacao, nao conseguia me sentir bem. Nao somos daqui e, afinal, deveriamos nos comportar como visitantes, observar o local primeiro, interagir com (e nao espantar) quem mora aqui e respeitar as diferencas culturais (fora que ha certos lugares para se fazer certas coisas). No fim, fui embora mais cedo com um grupo que tambem nao gostou muito do que aconteceu. Pena...

Ja que tenho foto da "festinha", vai o cafe da manha do dia seguinte (rs): Pao de forma com iogurte, pao doce e leite com cafe soluvel

A noite termina chuvosa novamente, mas desta vez, com um agravante. Um tufao esta se aproximando daqui, chegando amanha de manha na cidade. As pessoas parecem nao se preocupar muito com eles por aqui, mas sinto um frio na barriga so de pensar em algo assim. Se tudo der certo, escrevo um texto apos o tufao, ja sem vergonha alheia, pois desse tipo de coisa eu ano quero mais participar por aqui...


Coreia do Sul - 1h36  - Uma árvore foi arrancada do solo pelo tufão Kompasu na cidade de Incheon. A tempestade tropical atingiu o país, com chuvas .... Foto: AP
O tufao ainda em Incheon, ilha ao lado de Seoul


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

E-marteando (Seoul, 30 de agosto de 2010 - 08h30)

A chuva parou! E como se fosse um dia festivo, todos sairam de suas tocas para aproveitar o ceu cinzento sem gotas. Alegria que so 3 dias seguidos pode propiciar. Quase nos aconstumando com os arredores, eu e Yassine (da Tunisia) saimos em busca de algo pra comer - na mesmo situacao de falta de dinheiro que eu, ele tambem buscava uma refeicao por menos que R$ 6,00. E enfim, consegui comer por R$ 5,00 um prato de arroz com chimchi (a comida tipica aqui, feita de repolho ou acelga cozidos com um molho bem apimentado), ovo frito e algo como um picles amarelo. Aqui, agua, seja quente (fervendo) ou fria, eh sempre cortesia da casa. Alguns diriam para evitar isso e comprar agua mineral, mas 5 anos de agua de torneira em Botucatu ja acostumaram me organismo, espero!

Sem chuva, podiamos finalmente porcurar um mercado maior, pois aqueles perto de casa sao muito caros. Achamos um que se chama E-Mart, como um Wallmart ai. Ao contrario do que penso quando vejo um desses no Brasil, fiquei muito feliz, pois os precos eram realmente bons e havia boa variedade. Uma pena que um pote de manteiga custa R$ 10,00 e vou ter que buscar uma alternativa - comprei algumas frutas, iorgurte e pao de forma, alem de cafe, que por sinal eh bem fraco.

Mais tarde fui caminhar pela avenida principal daqui, norte de Seoul. Fiquei triste e me senti mal ao passar em frente a locais que vendem peixes e frutos do mar; nesse locais, peixes, lulas, ostras e outros animais sao criados em pequenos tanques de 1,0x1,0x1,5m, em grande densidade e convivendo com companheiros que morreram devido a estas condicoes. Lembro de uma frase de Gandhi, que dizia, mais ou menos, que a grandeza de uma nacao podia ser observada pela maneira como a populacao trata seus animais. Neste caso, nem o Brasil, nem a Coreia, e nenhum outro pais que conheco nao passam de estados miseraveis portanto, nao dando a minima atencao ao que estes seres vivos merecem.



Tanques onde sao matidas as lulas

O dia nao terminou mal porque consegui ligar para o Brasil com o Skype, esse programa maravilhos que cobra quase nada por uma ligacao. Nao havia ainda conversado com meus pais e namorada direitro desde Dubai, entao foi otimo acorda-los no domingo de manha. Ainda sai com um amigo americano e outro sueco para apreciar a primeira cerveja por aqui - muito boa, por sinal. Entre medos americanos em relacao a Russia, totalidade de universidades publicas, gratuitas e de qualidade na Suecia e a manutencao de monoculturas e desigualdade social no Brasil, terminamos nossa noite sem chuva, enfim, em Seoul. 


Secao da Bio no Nineteen's, o primeiro bar que conheci em Seoul - note a caneca, ela saiu por 2500 won (quase R$5,00)


domingo, 12 de setembro de 2010

Um muculmano pra quebrar estereotipos (Seoul, 29 de agosto de 2010 - 12h50)

Hoje eh domingo aqui em Seul. Depois das 30 horas que me separam agora do Brasil, fomos recepcionados por dois dias chuvosos, nada atrativos. Ja posso falar na primeira pessoa do plural porque ja nao mais estou sozinho: assim que cehgamos ao aeroporto, havia um rapaz coreano, Tom, nos esperando. Logo depois, pude conhecer parte do grupo de estrangeiros que vao fazer intercambio por aqui. Havia varias garotas orientais, muito envergonhadas e dasquais nao me recordo o nome; alguns alemaes, como um casal que nao entendia porque o mundo todo achava seu povo fechado; um americano, Tim, do mesmo estado de Michael Moore, Michigan, com mania de perseguicao ao seu pais (convenhamos que os governos Bush ajudaram a piorar ainda mais a imagem norte-americana); uma simpatica gartoa de Taiwan, Tina, tambem da Universidade daqui, que se orgulhava dos produtos de la (os famosos 'Made in Taiwan'); uma francesa, a quem decidi chamar pelo segundo nome, Marie, que veio ate aqui pra melhorar seu ingles (!); e, por fim, Yassine, um tunisiano, a quem dedico o proximo paragrafo.

Aeroporto de Incheon, ilha a oeste de Seul

Yassine eh meu companheiro de quarto (ou cubiculo, o qual detalho num proximo texto), e como disse, vem da Tunisia, norte da Africa. Depois do paquistanes que veio ao meu lado no ultimo voo, eis mais uma nacionalida que tenho contato pela primeira vez. Ele eh muculmano, e quando fiquei sabendo disso logo me vieram a mente as informacoes que geralmente ouvimos na midia: um cara barbudo, certamente machita, com roupas tradicionais arabes e muito serio. Pois bem, apos um dia de convivio, ja se foram todos os estereotipos. Yassine nao tem barba (alias, parece nao gostar nem um pouco dela), veste roupas como as nossas e eh bem comunicativo (alias, fala bem alto e muito, em 4 linguas - arabe, frances, ingles e coreano). Ele tem uma quase namorada, que eh coreana e vive na Tunisia (!), da qual sente muita falta, assim como eu sinto da minha; tem tambem muitos amigos e amigas, os quais fizeram varias cartas pra ele - ontem a noite ele as leu, muito feliz. Vamos passar 4 meses juntos e, so por essa experiencia, o intercambio ja sera muito valido.

O quarto compacto
Agora vou almocar algo. Ao contrario do que pensei, as coisas aqui nao sao tao baratas. Uma pasta de dente custa R$3,00 e ontem, num almoco tipico coreano que tivemos num Shopping, gastamos nao menos que R$15,00. Alias, ontem, nos aventuramos por Seul (um brasileiro, um americano e tres franceses), indo de metro a alguns lugares. Numa das estacoes, Yongsan, havia um pequeno festivalm com algumas brincadeiras, como uma corrida em cadeiras com rodinhas. Os competidores, de varias idades, tinham que percorrer a pista de 30 metros e pegar um saco de alimento, levando-o de volta ao ponto de partida. O vencedor, um jovem coreano, foi embora muito contente com seu premio - exatamento o saco de 10Kg de arroz que conseguiu carregar na corrida. A plateia aplaudia, entusiamada. E nos riamos e tambem nos divertiamos com a alegria de todos. Este foi um dia pra ver como sao diferentes as culturas de varios locais...

Mercado de tecidos

Todos na expectativa pra corrida

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Das Filipinas as minorias (Dubai, 27 de agosto de 2010 - 01h30)

Apos quinze horas do ultimo texto, cheguei em Dubai. Posso falar que a viagem foi otima! Tive a sorte de me sentar ao lado de um filipino, que conversou comigo em ingles. Um cara muito legal... Pelo que entendi, era engenheiro mecanico e ficou 3 meses no Rio a trabalho por uma empresa de Cingapura, onde vive com a familia [Mais tarde descobri que muitos filipinos nao vivem em seu pais natal]. Ele me contou, com entusiasmo, que engordou 8 quilos por aqui (de tanto churrasco) e falou que Copacabana eh o lugar mais bonito que ja visitou. Diz ter gostado muito do Brasil, ms achou uma extupidez quando contei a ele que aprendemos que o Brasil foi "descoberto" pelos portugueses - desco bri na conversa que as Filipinas sofreram colonizacao espanhola e a lingua deles tem alguns elementos parecidos com a nossa: por exemplo, para se contar, eles dizem uno, dos, tres e assim por diante. Pena que as Filipinas sao o terceiro pais mais pobre do Mundo, fato que o fez deixar seu pais.

Vista do Oceano Atlantico do aviao

Banheiro do aviao da Emirates, atendendo pedidos

Agora com os pes em Dubai, surgiu a primeira constatacao: quantos indianos e arabes! Os primeiros mais contidos, mas com ohares desconfiados. Ja os segundos, falavam alto e pareciam nao se importar muito com o entorno. Uso o genero masculinos propositalmente aqui, pois as mulheres parecia renegado um plano secundario - vi poucos grupos de mulheres junto a grupos de homens, somente em algumas familias mais jovens. Nas mais antigas, elas ficavam pra tras com os filhos e/ou vestindo burcas, algumas ate com os olhos cobertos. Isso foi de encontro ao que uma amiga de Americana passou na India ha alguns dias: sentia-se olhada com desprezo e discriminacao por ser mulher, ficou com medo e encurtou a estadia por la. Entendeo que a maioria das causas eh cultural, mas nao me parece fazer sentido essa divisao tao brusca, com danos so para um dos lados. Pode ser que eu esteja bem errado, afinal olhei com meus olhos ocidentais...


Aeroporto Internacional de Dubai

Falta pouco mais de uma pro meu voo prara a Coreia. Espero que a comida seja tao boa quanto o primeiro - ser vegetariano tem suas vantagens. Tive um almoco fantastico, onde carne de panela com batatas foi substituida por arroz integral, legumes cozidos, tofu defumado, cogumelos e uma bela salada. Neste caso, muito me agrada ser uma minoria.

Bom, acho que este texto fica por aqui. No fim, ainda nao encontrei os 6 alemaes do texto anterior, mas acho que do voo nao passa! Fiquei feliz por ter conseguido falar com meus pais e com minha namorada e, acreditem, por muito menos do que no Brasil. Gastei US$6.00 e falei com celulares por mais de 10 minutos! Incrivel, nao? Ainda mais por aqui, onde dinheiro nao faltar a ninguem... E ai no Brasil, todo mundo se acostumou a pagar muito mais por um telefonema e internet do que nos paises ricos... Conformismo de uma sociedade desigual que ninguem tem vontade de ver e se indignar.

domingo, 5 de setembro de 2010

Dos sentimentos China-Coreia - Sao Paulo, 26 de agosto de 2010 (00h00)

Falta pouco mais de uma hora pra eu embarcar para a Coreia do Sul num intercambio de 4 meses, como parte do meu bacharelado em Biologia da Conservacao. Ha pouco mais de um ano, eu estava embarcando para o programa TOP China - e eh a diferenca entre estes dois momentos que me levou a escrever agora.

No ano passado, foi minha primeira viagem de aviao. Estava muito entusiasmado (assim como hoje), mas tambem um pouco triste por ficar longe das pessoas que gosto por quase um mes. Porem, este sentimento foi logo suprimido, pois eu estava acompanhado por mais de 40 estudantes tambem uniformizados de vermelho pelo banco que nos financiou. Estes, que ha alguns dias eram meros desconhecidos, passaram a ser as pessoas mais importantes pra mim, pois dividiam comigo os mesmos medos e expectativas. Eh engracado como somos, como nossa relacao com as pessoas ao redor muda com um fato em comum ou algo inesperado.

Uma das festas durante o TOP China - galera boa

Agora, a situacao se diferencia porque a tristeza nao foi totalmente controlada. Nao achei que ainda fosse estar com olhos umidos ao lmbrar da minha namorada, ou do mutirao que ia rolar no final de agosto na Moradia, ou ainda como foi bom fazer pizzas e tomar algumas cervejas com meus amigos semana passada. Pensei que fosse deixar tudo isso um pouco de lado, pelo menos neste momento, mas isso tudo me faz um tremenda falta. O curioso eh que isso nao significa que estas pessoas e momentos nao eram importantes ano passado, mas sim que pequenos detalhes fazem muita coisa mudar numa situacao parecida.

Aeroporto de Guarulhos (ou Bagulhos, segundo Bulldog)

Mas nao quero passar meus ultimos minutos no Brasil me lamentando... Ha bons pensamentos e energias vindas de varia pessoas que me deixam bem. Ja comeco a sentir o choque cultural - ha poucos brasileiros no voo, mas muitos orientais e arabes. Espero me sentar ao lado de alguem com quem possa conversar durante a viagem, afinal 30 horas de viagem de boca fechada nao eh nada agradavel! Sei que em Dubai vai ter um grupo de 6 alemaes que vao para a mesma Universidade que eu, a Kyung Hee, e espero encontra-los no aviao (afinal, nao deve ser tao dificil identificar 6 alemaes em meio a um mundarel coreano). Uma coisa foi legal antes do embarque - a delegacao do time do Nautico estava passando pelo aeroporto, todos esperando serem reconhecidos, mas, infelizmente, eles ainda nao alcancaram grandes glorias nestas bandas, como o Sao Paulo (ou ate o Corinthians). Tomara que consigam um dia, pareciam legais.

E assim, meu embarque se aproxima. Ficam minhas saudacoes aos brasileiros, especialmente aos que estao ou estiveram em Botucatu, barbudos ou nao, sem banhos ou maniacos (as) por creme hidratante, que trabalham muito pra fazer que a Unesp seja mais do que as salas de aula. Vamos que vamos, espero que tenha boas esperiencias por la, mas ja sinto saudades...

Ah, as pizzadas e a danca dos Pontos Cardeais, tipicas coisas botucudas

* Peco perdao pela falta de acentos e similares, mas nao consigo coloca-los nos computadores coreanos!